No início do meu escritório, quando eu dividia uma pequena sala com um único sócio, a solução para a limpeza era uma diarista. Uma profissional de confiança que vinha duas vezes por semana e mantinha nosso modesto ambiente em ordem. Para aquela fase, para aquele tamanho de operação, o modelo funcionava e parecia a escolha mais lógica e econômica.
O erro, no entanto, é se apegar a um modelo que já não serve mais para a sua realidade. Com o crescimento do escritório, a solução que era perfeita no começo se revelou uma fonte de ineficiência e, o que mais me preocupava como advogado, de risco.
A Fase do “Bom e Suficiente”
Nos primeiros anos, a diarista era a solução ideal. O custo era baixo, a relação era pessoal e, para um espaço pequeno, o trabalho dela era mais do que suficiente. A sensação era a de ter uma “ajudante”, alguém que fazia parte da pequena família do escritório. A textura daquela fase era de simplicidade e de um controle direto sobre a limpeza.
Os Problemas que o Crescimento Traz
Mas, à medida que contratamos mais advogados, uma secretária, e passamos a receber mais clientes, os problemas do modelo começaram a aparecer.
- A Limpeza Insuficiente: Uma única pessoa, duas vezes por semana, já não dava conta do recado. A limpeza era feita, mas não era impecável.
- A Gestão e a Interrupção: Eu mesmo precisava me preocupar com a compra de materiais. Se a diarista faltava, o escritório ficava sujo. Se ela pedia para sair mais cedo, era um transtorno. O som do meu telefone tocando com uma questão de limpeza durante uma reunião importante era o som da ineficiência.
- O Risco do Vínculo Empregatício: Este era o ponto que mais me assombrava. A nossa diarista já estava conosco há anos, com frequência fixa (terças e sextas), e recebendo ordens diretas. Como advogado, eu sabia que tínhamos todos os elementos que caracterizam um vínculo empregatício. O risco de um processo trabalhista no futuro era imenso e real.
A Decisão pela Evolução
A decisão de migrar do modelo de diarista para escritório para a terceirização foi uma decisão de amadurecimento profissional. Foi o reconhecimento de que nosso escritório havia se tornado uma empresa que precisava de soluções empresariais, e não domésticas.
A diarista foi uma parceira fundamental no nosso começo, e sou imensamente grato a ela. Mas a transição foi necessária para proteger o negócio, para elevar nosso padrão de qualidade e para me liberar para focar no que eu faço de melhor. A lição é que as soluções precisam evoluir junto com o seu negócio. E saber a hora de abandonar um modelo que já não te serve é um sinal de boa gestão.