Após a grande e impressionante limpeza da fachada do nosso prédio comercial, o assunto voltou à pauta na reunião de condomínio seguinte. “Ficou ótimo”, disse um condômino, “agora só precisamos nos preocupar com isso daqui a cinco anos, certo?”. Foi quando eu, com minha mentalidade de advogado preventivo, levantei a mão. “Errado”, eu disse. “Agora que ela está limpa, precisamos de um plano de manutenção e limpeza de fachadas para que ela permaneça assim”.
O erro é ver a limpeza de fachada como um evento único, uma grande reforma a ser feita a cada muitos anos. A abordagem mais inteligente e, no final, mais econômica, é a da manutenção contínua.
O Desgaste Silencioso da Poluição
A poluição de uma grande cidade como Belo Horizonte não é inofensiva. Ela é ácida. A fuligem e os poluentes, ao se depositarem sobre as superfícies e reagirem com a água da chuva, vão lentamente “comendo” os materiais. Eles mancham o vidro de forma permanente, corroem as esquadrias de alumínio e degradam a pintura e o rejunte das pastilhas.
A textura de uma fachada negligenciada é a de um envelhecimento precoce e, muitas vezes, irreversível.
O Plano de Manutenção Preventiva
A minha proposta ao condomínio foi a de criar um contrato de manutenção anual, em vez de esperar pelo próximo “estado de calamidade”. O plano que aprovamos, com uma empresa especializada, incluía:
- Limpeza Anual dos Vidros: Uma limpeza completa de todos os vidros, uma vez por ano, para evitar o acúmulo e a impregnação da sujeira.
- Inspeção e Limpeza de Calhas e Rufos: Para garantir o bom escoamento da água da chuva, evitando infiltrações.
- Pequenos Reparos: A equipe, durante a limpeza, já estava instruída a identificar e reportar qualquer problema, como uma pastilha solta ou um rejunte que precisava de reparo.
A Economia no Longo Prazo
O custo de um contrato anual de manutenção e limpeza de fachadas é muito menor do que o de uma limpeza pesada de “resgate” a cada cinco anos. E, o mais importante, ele é infinitamente menor do que o custo de ter que trocar vidros manchados ou reformar uma fachada danificada pela corrosão.
O som da lógica financeira aqui é claro. A prevenção é sempre mais barata que a remediação.
A lição que nosso condomínio aprendeu é a de tratar a fachada não como uma casca passiva, mas como uma parte vital do edifício, que exige cuidado e manutenção contínuos. É a mesma lógica que aplicamos à nossa saúde: é muito mais inteligente fazer um check-up anual do que esperar por uma cirurgia de emergência.