Por muito tempo, o modelo de limpeza do meu escritório foi o da diarista. Uma profissional de confiança que vinha duas vezes por semana. Na minha cabeça, era a solução mais econômica e pessoal. Mas, com o crescimento da firma, comecei a questionar essa premissa. Decidi fazer o que faço de melhor: uma análise fria, baseada em fatos e números, comparando o valor real de uma diarista para a empresa com o custo de um contrato de terceirização. E a planilha que montei mudou minha visão para sempre.
O erro é comparar apenas o valor da diária com a mensalidade do contrato. Essa é uma visão míope que ignora os custos ocultos e, principalmente, os imensos riscos jurídicos do modelo de contratação de uma diarista.
Colocando os Custos na Ponta do Lápis
Minha planilha começou simples.
- Coluna A (Diarista): Valor da diária x 8 (dias por mês) = Custo Mensal Direto.
- Coluna B (Terceirizada): Valor da Mensalidade do Contrato.
A princípio, a Coluna A era menor. Mas então, comecei a adicionar os custos invisíveis.
- Custo dos Materiais: Adicionei na Coluna A o gasto mensal com produtos de limpeza, sacos de lixo, papel, etc., que eu mesmo comprava.
- Custo do Meu Tempo: Calculei, de forma conservadora, o valor da minha hora de trabalho gasta com a gestão da limpeza (comprar produtos, pagar a diarista, procurar substituta em caso de falta). Adicionei esse custo à Coluna A.
A diferença entre as colunas já começou a diminuir.
A Análise do Risco Trabalhista
E então, veio o ponto crucial para mim, como advogado. O risco do reconhecimento de vínculo empregatício. Uma diarista que presta serviço de forma contínua, com pessoalidade e subordinação, pode, na Justiça do Trabalho, ser considerada uma funcionária.
Calculei o custo potencial de um processo trabalhista: férias, 13º, FGTS, INSS retroativos, multas e honorários advocatícios. A textura daquele número era a de um risco financeiro imenso. Eu adicionei uma “provisão de risco” à Coluna A. Naquele momento, a Coluna B (da terceirização, com risco zero) se tornou muito mais atraente.
O Veredito da Planilha
Ao final, a conclusão era inegável. O valor real de uma diarista para a empresa, ao se somar todos os custos diretos, indiretos e os riscos, era significativamente maior do que o custo de um contrato com uma empresa terceirizada, que me oferecia qualidade profissional, continuidade do serviço e, o mais importante, paz de espírito jurídica.
O som da minha decisão final foi o de um “delete” na minha antiga crença. A terceirização não era mais cara. Era, na verdade, a opção mais segura e, no cômputo geral, a mais econômica. A planilha não mentia. E contra fatos (e números), não há argumentos.